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Prefácio do Livro "Tempo de Robôs"

Prefácio do Livro "Tempo de Robôs" dos organizadores Valter Cardoso, Ale Dossena e Rafael Duarte.

A arte, a ciência e a tecnologia estão intimamente relacionadas, e ao longo da história há diversos exemplos dessa simbiose. Uma das personalidades mais proeminentes, que conseguiu personificar essa característica, foi o gênio renascentista italiano Leonardo da Vinci que além de inventor também foi um ícone nas artes como na pintura e na escultura.

Diversos são os exemplos dessa relação, e talvez o mais enigmático seja a Proporção Áurea ou Razão Áurea, que é uma constante algébrica, e que foi um conceito utilizado na construção do Parthenon em Atenas-Grécia no século V a.C. pelo arquiteto Phidias. Essa proporção também foi estudada pelo matemático italiano Leonardo Fibonacci e materializada na famosa Sequencia de Fibonacci. Ela é amplamente utilizada na elaboração de figuras, objetos e estruturas que possuem proporções perfeitas e, por este motivo, são agradáveis de ver.

Quem não ouviu a célebre frase: “a vida imitando a arte e vice-versa”. Nesse sentido, a literatura e consequentemente a sétima arte, o cinema, possuem vários exemplos em que são utilizados temas relacionados à tecnologia, principalmente na categoria de ficção científica. Um dos livros emblemáticos que ilustra bem esse relacionamento da literatura com a tecnologia foi o clássico “Eu, Robô” do escritor russo Isaac Asimov, publicado em 1950, e que se tornou filme em 2004. Apesar de ser um livro de ficção científica, nele estabeleceram-se as três Leis da Robótica, leis essas que são utilizadas na programação dos computadores, em específico, os sistemas robóticos.

A tecnologia, e em particular a computação, é fonte de inspiração para os escritores que materializam sua arte na literatura e também no cinema. Muitos livros foram escritos e filmes produzidos utilizando como enredo os temas ligados à computação, como computadores, inteligência artificial (IA), robótica, códigos e etc.

Um exemplo desse cenário e que marcou profundamente a relação entre arte e tecnologia é o filme “2001, uma odisseia no espaço”, imortalizado pelo cineasta Stanley Kubrick, em 1968, em parceria com o escritor Arthur C. Clarke. O enredo desse filme gira em torno do personagem ficcional Hal 9000, que é um computador com inteligência artificial que controla uma nave espacial. Nessa obra de ficção científica se estabeleceu um novo paradigma no qual o computador interage com o ser humano por meio de diversas funcionalidades como falar, fazer o reconhecimento facial e vocal, realizar a leitura labial, interpretar emoções, raciocinar, expressar emoções e etc. Muitas dessas características se tornaram realidade e os computadores já conseguem realizar muitas ações de maneira pontual, ao passo que outras ainda estão no campo da ficção.

A literatura sempre teve um papel fundamental nas sociedades possibilitando a materialização das ideias. Os escritores são pessoas que conseguem expressar por meio das palavras as emoções, pensamentos, situações e registrá-las no “papel” para que outras pessoas consigam se apropriar desse material agora e no futuro.

Nesse aspecto, o ser humano sempre teve o forte desejo de deixar o seu registro na história. Os primeiros registros foram por meio da arte rupestre, na qual era feito o registro de figuras nas rochas há aproximadamente 40.000 anos. Essa forma de registro dos pictogramas evoluiu para os hieróglifos, sendo o mais famoso o Egípcio que teve origem por volta de 3.000 a.C.

Com o advento do alfabeto, como exemplo o alfabeto Fenício entre os séculos XIII e XI a.C, houve uma revolução da história da escrita. Isto possibilitou que o registro vocal fosse impresso mais facilmente, permitindo um maior detalhamento e precisão das situações cotidianas, dos conhecimentos e das informações.

Um grande impulso na disseminação das informações, do conhecimento e das ideias, foi invenção da prensa mecânica, pelo inventor alemão Johannes Gutemberg em 1439. Essa invenção possibilitou que os livros, que antes eram reproduzidos à mão, principalmente nos monastérios pelos monges, agora fossem produzidos de forma mais rápida e barata.

Os escritores além de nos fazerem vivenciar situações hipotéticas em seus contos, também retratam o cotidiano das pessoas em vários aspectos, como no trabalho, no lazer, nas atividades diárias e etc. E nesse sentido as tecnologias como os computadores, que saíram de dentro dos CPDs (Centro de Processamento de Dados) para serem incorporados nas nossas vidas por meio dos mais variados equipamentos, como smartphone, TV e etc, se tornaram temática recorrente na literatura.

E, nesse contexto é que estão inseridos os contos desse livro que retratam as reflexões, pensamentos e situações utilizando como pano de fundo as temáticas relacionadas à computação, em particular os robôs e a IA.

Nessa coletânea de contos é possível identificar a paixão dos autores em retratar de forma ficcional o convívio com os robôs, em diversas situações, descrevendo suas ações e o comportamento desses sistemas dotados de um cérebro eletrônico com uma inteligência artificial.

Esse livro é uma obra de ficção científica que nos faz refletir sobre como será no futuro a interação cotidiana com essas “máquinas autônomas”. A tecnologia está em constante evolução e esses robôs serão capazes de agir, pensar, até mesmo sonhar, e inclusive se parecerão com seres humanos, os famosos androides.

Nesse cenário uma pergunta latente que todos se fazem é: Como será essa convivência entre humanos e robôs? Harmoniosa, conflituosa, cooperativa, participativa e etc? A resposta para esse e outros questionamentos está reservada para o futuro e só o tempo dirá. Agora o que se pode é refletir com base nas situações imaginadas e descritas nos contos que compõem esse livro “Tempo de Robôs”.

Boa leitura!