Prefácio do Livro "Tempo de Robôs" dos organizadores Valter Cardoso, Ale Dossena e Rafael Duarte.
A arte, a ciência e a tecnologia estão intimamente
relacionadas, e ao longo da história há diversos exemplos dessa simbiose. Uma
das personalidades mais proeminentes, que conseguiu personificar essa
característica, foi o gênio renascentista italiano Leonardo da Vinci que além
de inventor também foi um ícone nas artes como na pintura e na escultura.
Diversos são os exemplos dessa relação, e talvez o mais enigmático seja a Proporção Áurea ou Razão Áurea, que é uma constante algébrica, e que foi um conceito utilizado na construção do Parthenon em Atenas-Grécia no século V a.C. pelo arquiteto Phidias. Essa proporção também foi estudada pelo matemático italiano Leonardo Fibonacci e materializada na famosa Sequencia de Fibonacci. Ela é amplamente utilizada na elaboração de figuras, objetos e estruturas que possuem proporções perfeitas e, por este motivo, são agradáveis de ver.
Um exemplo desse cenário e que marcou profundamente a relação
entre arte e tecnologia é o filme “2001,
uma odisseia no espaço”, imortalizado pelo cineasta Stanley Kubrick, em
1968, em parceria com o escritor Arthur C. Clarke. O enredo desse filme gira em
torno do personagem ficcional Hal 9000,
que é um computador com inteligência artificial que controla uma nave espacial.
Nessa obra de ficção científica se estabeleceu um novo paradigma no qual o
computador interage com o ser humano por meio de diversas funcionalidades como
falar, fazer o reconhecimento facial e vocal, realizar a leitura labial,
interpretar emoções, raciocinar, expressar emoções e etc. Muitas dessas
características se tornaram realidade e os computadores já conseguem realizar muitas
ações de maneira pontual, ao passo que outras ainda estão no campo da ficção.
A literatura sempre teve um papel fundamental nas sociedades
possibilitando a materialização das ideias. Os escritores são pessoas que
conseguem expressar por meio das palavras as emoções, pensamentos, situações e
registrá-las no “papel” para que outras pessoas consigam se apropriar desse material
agora e no futuro.
Nesse aspecto, o ser humano sempre teve o forte desejo de deixar
o seu registro na história. Os primeiros registros foram por meio da arte
rupestre, na qual era feito o registro de figuras nas rochas há aproximadamente
40.000 anos. Essa forma de registro dos pictogramas evoluiu para os
hieróglifos, sendo o mais famoso o Egípcio que teve origem por volta de 3.000 a.C.
Com o advento do alfabeto, como exemplo o alfabeto Fenício
entre os séculos XIII e XI a.C, houve uma revolução da história da escrita.
Isto possibilitou que o registro vocal fosse impresso mais facilmente, permitindo
um maior detalhamento e precisão das situações cotidianas, dos conhecimentos e das
informações.
Um grande impulso na disseminação das informações, do conhecimento
e das ideias, foi invenção da prensa mecânica, pelo inventor alemão Johannes
Gutemberg em 1439. Essa invenção possibilitou que os livros, que antes eram
reproduzidos à mão, principalmente nos monastérios pelos monges, agora fossem
produzidos de forma mais rápida e barata.
Os escritores além de nos fazerem vivenciar situações
hipotéticas em seus contos, também retratam o cotidiano das pessoas em vários
aspectos, como no trabalho, no lazer, nas atividades diárias e etc. E nesse
sentido as tecnologias como os computadores, que saíram de dentro dos CPDs
(Centro de Processamento de Dados) para serem incorporados nas nossas vidas por
meio dos mais variados equipamentos, como smartphone, TV e etc, se tornaram
temática recorrente na literatura.
E, nesse contexto é que estão inseridos os contos desse livro
que retratam as reflexões, pensamentos e situações utilizando como pano de
fundo as temáticas relacionadas à computação, em particular os robôs e a IA.
Nessa coletânea de contos é possível identificar a paixão dos
autores em retratar de forma ficcional o convívio com os robôs, em diversas
situações, descrevendo suas ações e o comportamento desses sistemas dotados de
um cérebro eletrônico com uma inteligência artificial.
Esse livro é uma obra de ficção científica que nos faz
refletir sobre como será no futuro a interação cotidiana com essas “máquinas
autônomas”. A tecnologia está em constante evolução e esses robôs serão capazes
de agir, pensar, até mesmo sonhar, e inclusive se parecerão com seres humanos, os
famosos androides.
Nesse cenário uma pergunta latente que todos se fazem é: Como
será essa convivência entre humanos e robôs? Harmoniosa, conflituosa,
cooperativa, participativa e etc? A resposta para esse e outros questionamentos
está reservada para o futuro e só o tempo dirá. Agora o que se pode é refletir
com base nas situações imaginadas e descritas nos contos que compõem esse livro
“Tempo de Robôs”.
Boa leitura!